Unidades de Progressão: modelo paranaense de reintegração social atrai visita técnica de Minas Gerais 03/12/2025 - 14:46

As Unidades de Progressão (UP) do sistema penitenciário do Paraná seguem se destacando como um dos modelos mais eficientes de gestão prisional do país. Combinando segurança, trabalho e estudo, elas consolidam um ambiente disciplinado, organizado e orientado pela reintegração social. Nesta segunda-feira (1º), o estado recebeu uma comitiva do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (GMF/TJMG), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (SEJUSP-MG) e do Complexo Penitenciário Público Privado de Ribeirão das Neves, interessada em conhecer de perto a metodologia paranaense. 

Durante a visita às Unidades de Progressão de Ponta Grossa (UPPG) e da Penitenciária Central do Estado (PCE-UP), em Piraquara, a comitiva pôde observar de perto os elementos que sustentam o sucesso do modelo paranaense: ambientes limpos e organizados, rotina estruturada, relações pautadas pelo respeito e pela disciplina, além de oficinas de trabalho e espaços de estudo em pleno funcionamento. Esses pilares, integrados à atuação técnica da Polícia Penal do Paraná (PPPR), criam as condições ideais para que os custodiados desenvolvam autonomia, responsabilidade e preparo para o retorno à sociedade.

“Foi muito rica e importante a visita que fizemos às Unidades Paraná, para vermos in loco o sucesso que elas alcançaram. Pudemos ver, na prática, como funcionam, onde as pessoas privadas estudam e trabalham — atividades que são essenciais para a reinserção social e que vão de encontro com o que, em verdade, é o anseio da sociedade, pois dá um novo propósito à pessoa reclusa para que seu retorno na sociedade seja útil e definitivo, sem reincidência ao sistema prisional”, afirma a juíza de direito e coordenadora-geral do GMF/TJMG, Bárbara Isadora Santos Sebe Nardy.

As UP são reconhecidas nacionalmente por promoverem atividades laborativas e educacionais que, além de qualificar profissionalmente os apenados, contribuem de maneira expressiva para a redução da reincidência criminal. Em unidades como a de Ponta Grossa, o índice de retorno ao sistema chega a menos de 5%, um resultado que reforça a eficácia do método baseado na integração entre segurança e oportunidade.

O coordenador regional da PPPR em Ponta Grossa, William Ribas, enfatizou que o modelo paranaense representa um avanço significativo na execução penal. “A Polícia Penal do Paraná tem trabalhado incansavelmente para garantir a segurança e também as condições para a reintegração dessas pessoas. Com o trabalho, damos a elas a oportunidade de mostrar que são capazes de aprender novas profissões e de se reconectar com a sociedade, diminuindo as chances de voltarem ao crime”. 

Durante a visita, a comitiva mineira inspecionou detalhadamente os setores de trabalho destas unidades. Foram observadas as oficinas e espaços onde os custodiados realizam uma jornada de trabalho regular e, em contrapartida, têm a oportunidade de estudar, criando um ambiente de responsabilidade e respeito. 

Para o diretor da PCE-UP, Blacito Sampaio, o intercâmbio entre os estados fortalece as políticas de execução penal em todo o país. “Ao compartilhar nosso modelo e, simultaneamente, aprender com as experiências mineiras, reafirmamos que o desenvolvimento de políticas penais eficazes depende do diálogo contínuo, da integração e da disposição coletiva para aperfeiçoar métodos e resultados. Que esta aproximação institucional se traduza em cooperação duradoura e em avanços concretos na gestão do trabalho prisional e na promoção de uma execução penal mais efetiva e humanizada”.

A coordenadora-geral do GMF/TJMG destacou ainda a maturidade do modelo paranaense, especialmente no processo de seleção dos apenados, na capacitação dos policiais penais e na adoção de práticas alinhadas à justiça restaurativa. “O que mais nos impressionou foi a ausência de tensão, de hostilidade e até mesmo a limpeza das prisões. Elas não têm aquele cheiro característico de cadeia. Nós pudemos compreender todo o trabalho que foi feito até que este grande resultado fosse alcançado, desde a escolha dos apenados para ingressarem nas unidades, dos policiais penais, a utilização da justiça restaurativa, as normas estaduais e as decisões que os colegas juízes deram para autorizar o trabalho dos custodiados em regime fechado. Certamente voltamos melhores do que fomos e vamos replicar essas boas práticas do Paraná em nosso estado”, concluiu a magistrada.

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