A Secretaria da Segurança Pública do Paraná (SESP) realizou nesta terça-feira (22), em Curitiba, o treinamento da equipe de campo que atuará em uma pesquisa inédita sobre a percepção da população em relação à segurança pública. O levantamento será aplicado em 12 mil domicílios de 87 municípios do estado.

O objetivo é captar informações que não aparecem nos registros oficiais de ocorrências policiais, sobretudo as subnotificações, consideradas fundamentais para o planejamento de políticas públicas. O questionário inclui 180 perguntas que abordam aspectos do cotidiano, como presença de policiais nos bairros, iluminação pública e circulação de pessoas em determinados horários.

A coleta de dados começará no dia 24 de julho e deve durar quatro meses. As perguntas consideram o período dos últimos cinco anos. Todos os entrevistadores estarão uniformizados com coletes da SESP e crachás com QR code para autenticação da identidade.

A pesquisa é coordenada pelo Centro de Análise, Planejamento e Estatística (CAPE) da SESP e utiliza metodologia desenvolvida pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O recrutamento dos 30 profissionais responsáveis pelas entrevistas e supervisão é feito pelo Instituto Qualitest, do Espírito Santo.

De acordo com o chefe do CAPE, major Cláudio Todisco, a iniciativa marca um avanço importante na compreensão da realidade da segurança pública no Paraná. “Os dados levantados vão subsidiar a formulação de políticas públicas específicas para diferentes localidades. Um trabalho sequencial para que os policiais saibam o comportamento do crime em cada região”, afirmou.

“O Paraná quer ser um modelo para outras secretarias do país no mapeamento do crime”, acrescentou o oficial.

A pesquisa será aplicada em áreas urbanas e rurais das 23 Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) do estado. Os entrevistados são todos maiores de 18 anos. Os resultados devem ser divulgados no primeiro trimestre de 2026.

Preparação em campo - O diretor do Instituto Qualitest destacou a importância da capacitação da equipe. “É o momento de entender a metodologia, ou seja, como foi o sorteio do domicílio e do entrevistado, além do formato de aplicação, com os modos de apresentação e opções de resposta às 180 questões”, explicou.

O pesquisador Rodrigo Fernandes, do CRISP, considera a iniciativa essencial para identificar as razões que levam à subnotificação de crimes. “É importante para elaborar políticas públicas mais assertivas, uma vez que se tem um número mais próximo do total de crimes”, disse. “As pesquisas trazem evidências importantes para melhorar a vida da população”, completou.

Com 30 anos de experiência na área, a entrevistadora Rosemeri Pazzin Barbosa também participou do treinamento. “É importante o entrevistador passar por um treinamento rigoroso para entender toda a metodologia e coletar os dados da forma mais fiel possível”, afirmou.

A expectativa da Secretaria da Segurança Pública é que o levantamento contribua de forma concreta para a construção de políticas públicas ainda mais eficientes, alinhadas à realidade dos municípios e às necessidades da população paranaense.