O uso de drone, aeronave pilotada remotamente, foi decisivo para localizar, na semana passada, uma idosa de 76 anos desaparecida em Jardim Alegre, região de Ivaiporã, no interior do Paraná. Após dois dias de buscas terrestres com apoio de cães e voluntários, a vítima foi identificada por meio da câmera térmica de um drone operado em conjunto pelo Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) e pela Polícia Militar do Paraná (PMPR). Ela estava consciente e recebeu atendimento imediato no local antes de ser encaminhada a uma unidade de saúde.

O caso mostra como a tecnologia tem se tornado cada vez mais importante no trabalho dos bombeiros paranaenses. O CBMPR iniciou suas operações com drones ainda em 2015, com modelos Phantom 3 cedidos pela Defesa Civil. Desde então, evoluiu para equipamentos mais modernos e estruturou a Câmara Técnica de Operações Bombeiro Militar com Aeronaves Remotamente Pilotadas, dedicada às operações aéreas não tripuladas e responsável pela normatização, treinamento e segurança dos voos.

Atualmente, a corporação dispõe de drones da linha Enterprise da DJI, como o Mavic 3T e o Matrice 350 RTK, ambos equipados com câmeras térmicas e alto-falantes para orientar diretamente pessoas em risco. Os equipamentos contam com autonomia de até 50 minutos e kits extras de baterias, permitindo atuação contínua em buscas em matas, apoio a guarda-vidas e monitoramento de incêndios florestais e estruturais. Outro modelo em fase de incorporação é o Avata FPV, capaz de operar em áreas de difícil acesso e estruturas colapsadas.

De acordo com o CBMPR, durante a última operação Verão Maior Paraná os drones foram utilizados em mais de 300 orientações bem-sucedidas a banhistas. “A tecnologia amplia a nossa capacidade de resposta e contribui para salvar vidas em diferentes cenários. Seja em uma praia, em meio à mata ou em um incêndio, o drone nos dá alcance e rapidez para chegar onde muitas vezes a equipe em terra teria dificuldade”, destaca o Capitão do CBMPR Jackson Alexandre Machado, Presidente da Câmara Técnica de Operações com Aeronaves Remotamente Pilotadas.

Além do uso atual, o Corpo de Bombeiros planeja expandir a frota com a aquisição de mais 25 aeronaves para unidades operacionais em todo o Estado. Também estão em estudo novas tecnologias para mapeamento de áreas, como drones agrícolas adaptados para apoio em ocorrências; e sensores avançados, entre eles câmeras espectrais, que captam diferentes faixas de luz, e a tecnologia LiDAR, sistema de sensoriamento remoto ativo que utiliza feixes de laser para medir distâncias com alta precisão e gerar modelos 3D detalhados do ambiente. O CBMPR é ainda o único corpo de bombeiros do país a integrar o projeto colaborativo BR-UTM, que vai definir normas e tecnologias para o controle automatizado do espaço aéreo de drones no Brasil.

O Curso de Piloto de Aeronaves Remotamente Pilotadas, já concluído por 52 bombeiros militares, assegura que as equipes estejam preparadas para atuar em todas as condições de clima e horário, seguindo protocolos semelhantes aos da aviação tripulada. O investimento em tecnologia, aliado à experiência humana dos bombeiros, garante respostas mais rápidas e seguras para a população paranaense.