Diretor da Polícia Científica participa de webinar sobre ciência contra o crime 31/07/2020 - 20:51

O diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, Luiz Rodrigo Grochocki, participou do webinário “Ciência contra o crime: muito além do discurso” nesta semana. O debate online, promovido pela Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), contou ainda com a presença de outros dois especialistas da área. Entre outros temas, os quatro discutiram sobre a necessidade de cada vez mais investimentos e valorização da ciência, além de capacitação contínua dos servidores.

“À frente da Polícia Científica, uma das primeiras atividades que desenvolvemos foi fazer um levantamento de competências dos servidores para elencar uma trilha de conhecimento e começar a habilitar os profissionais para determinados tipos de exames. Afinal, o perito não sai de outro lugar a não ser da academia”, afirmou o diretor-geral da Polícia Científica do Paraná.

Sendo assim, segundo Grochocki, o perito criminal deve passar por aperfeiçoamentos conínuos na academia. “É investimento em conhecimento. Costumo dizer que a ciência forense não é nem interdisciplinar ou multidisciplinar, ela é transdisciplinar”, destacou. A integração e a interação de áreas, para a presidente da Rede Nacional de Isótopos Forenses (Renif) e pesquisadora em isótopos forenses, Gabriela Nardoto, é algo recente.

“Vivemos um momento único, que é a junção da academia com as forças policiais, a fim de utilizá-la de forma mais ampla no país. Não adianta ter apenas uma das partes. A gente tem que aplicar para novos conhecimentos, casos reais, e aí entra na questão dos crimes”, explicou a presidente da Renif.

“Um cientista tem todo o tempo do mundo para trabalhar em uma detalhe específico, mas como é a resposta para passar à sociedade e que precisa de algo muito maior? Se a gente faz uma rede, que junta diversas áreas da sociedade, isso acaba ampliando e tendo avanço e respostas muito mais rápidas. É necessário juntar esforços”, destacou Nardoto.

Na mesma linha, o perito criminal federal e ex-diretor Técnico-Científico da Polícia Federal, Fábio Salvador também ressaltou a importância do contínuo desenvolvimento científico, principalmente nesta área. “A ciência é o que trará a solução”, afirmou. “Ciência é a geração de conhecimento. Tecnologia é a aplicação deste conhecimento. Aqueles que se dedicam a criar conhecimento estarão sempre na vanguarda da humanidade”, afirmou.

O diretor-geral da Polícia Científica do Paraná ainda destacou a necessidade de ampliação de cursos e disciplinas voltada às ciências forenses. “Infelizmente, no Brasil, o único curso que tem uma cadeira nessa área é a medicina, porque tem a Medicina-Legal. Então, a gente tem que criar mais cadeiras de criminalística, no mínimo, dentro de outros cursos”, ressaltou.

O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, que comandou o debate, afirmou que esta é sempre uma das pautas da entidade. “É muito importante ampliar as cadeiras de criminalística nas universidades de Direito e de humanas também”, afirmou.

Camargo lembrou ainda da importância de se dar destaque à ciência sempre. “Não podemos deixar que a discussão sobre ciência seja usada só por conta de um momento e, acabado este momento, ela volte a ser relegada e colocada novamente em segundo plano. A ciência, em todas as áreas, precisa ser prioridade”, destacou.

CONVÊNIO - Durante o webinar, Grochoki ainda destacou um convênio da instituição da Polícia Científica com a Universidade Federal do Paraná e a Polícia Federal, em Ciências Forenses. “Com esta parceria, além dos alunos regulares que estão estudando computação forense, nós temos oito peritos criminais, que estão desenvolvendo pesquisa na área. Isso é muito importante para a nossa instituição”, exaltou.