Integração: futuros praças da PM conhecem atuação da Polícia Penal no complexo de Piraquara 08/02/2023 - 14:56

A integração é um marco entre as forças de segurança pública do Paraná e mesmo futuros policiais vivenciam essa realidade. Os 152 alunos do Curso de Formação de Praças da Academia Militar do Guatupê (APMG), em São José dos Pinhais, fizeram uma visita técnica especial ao Complexo Penal de Piraquara, onde se encontra 30% da população carcerária do Estado. Um contato que a maioria teve pela primeira vez.
O trabalho conjunto entre as forças melhora a segurança como um todo. “Conhecer de perto as funções desempenhadas e a rotina de trabalho envolvida nas outras instituições já forma e intensifica o elo antes de irem às ruas”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira.
A APMG conta com várias escolas ao longo do ano. O Curso de Formação de Praças (CFP) prepara os civis aprovados em concurso para se tornarem praças no policiamento preventivo e ostensivo geral. A conclusão do curso será em setembro, mas em maio é previsto que iniciem as atividades externas.
“A integração com pessoas de outras instituições nesse período, como a Polícia Civil, Científica e Penal, dá ao nosso aluno um olhar panorâmico sobre como funciona o sistema de segurança, todos os órgãos que o compõem e as atividades de cada um”, frisa o coordenador do CFP, tenente Romário Jonck.
A visita técnica para promover a interação com o trabalho dos policiais penais faz parte da disciplina Fundamentos Jurídicos da Atividade Policial, ministrada pela investigadora da Polícia Civil do Paraná (PCPR), Flaviane Weiber, que sabe bem como é motivador sentir-se parte das forças de segurança, independente da instituição.
Ela diz que a experiência se revelou um grande aprendizado mútuo. “Como estou na casa da Polícia Militar, quis me adequar aos costumes deles e isso foi criando mais respeito e me dá muita honra e orgulho ser tão bem acolhida”, conta.
Entusiasmada com a possibilidade dos alunos aumentarem os elos da integração iniciada dentro da sala de aula, ela propôs as visitas especiais das seis turmas do CFP ao complexo de Piraquara. “Essa é uma oportunidade de plantar uma semente em cada um deles. Depois de formados, quando forem designados para as unidades onde desempenharão suas funções, eles podem ser multiplicadores das informações que obtiveram nessa visita”, acrescenta a instrutora.
VISITA - A caminho de Piraquara, muita expectativa. “Nós estamos curiosos para conhecer como funciona o sistema penal, como a Polícia Penal atua e como é a rotina dos custodiados lá”, diz a aluna Eloisa Gabriela Ferreira de Alcântara Trindade, que iria entrar em uma unidade penitenciária pela primeira vez, como quase todos os outros alunos.
Sobre a integração, ela acrescenta que, apesar de saber que a Polícia Militar já atuou no sistema penal, “na escola fomos conhecendo como funciona essa união atual entre as polícias”.
O Departamento Penitenciário do Paraná foi transformado em Polícia Penal em outubro de 2021. Com isso, ações que antes eram destinadas à PM passaram a ser incorporadas pela instituição, como a segurança das muralhas e as escoltas prisionais.
“A Polícia Militar é nossa co-irmã. É um exemplo para nós, é de onde a gente tirou boa parte da doutrina da Polícia Penal”, define a coordenadora da regional da Polícia Penal, que compreende Curitiba, Região Metropolitana e Litoral, Juliana Heindyk Duarte, na recepção aos futuros policiais.
A coordenadora destaca que as instituições atuam nas pontas do sistema de segurança. “A PM tem o papel de estar nas ruas e fazer o trabalho ostensivo para coibir o crime. Nós recebemos a pessoa após a ação da Polícia Militar e da Civil. A nós é dada a custódia e, juntamente, a busca da ressocialização para que usem bem o tempo passado dentro da instituição penal, aprendam um ofício e estudem”, explica.
NOVAS PERSPECTIVAS - As visitas técnicas foram realizadas nas unidades penais e Casa de Custódia de Piraquara (CCP). Os alunos também conheceram o Centro de Atendimento ao Visitante - que recebe 40 mil pessoas anualmente, e onde a tecnologia de body scanner ajuda a impedir a entrada de substâncias ilegais e de celulares -, a Unidade de Progressão da Penitenciária Central do Estado (PCE-UP) - que oferece estrutura para capacitação profissional - e o Setor de Operações Especiais (SOE) - onde assistiram a uma apresentação detalhada de todo o equipamento utilizado pelo grupo tático.
Conhecer a realidade ali dentro pode ajudar no trabalho dos futuros policiais nas ruas. “Sendo uma das pontes com a população, podemos usar o que conhecemos aqui para auxiliar a comunidade, como um alerta”, acrescenta a aluna, que é formada em Direito.
Aluno de outra turma, que já havia realizado a visita, Leonardo Natal da Silva, conta que serviu o exército em 2020 e decidiu que era no militarismo que queria atuar. “Com a visita, vimos toda a parte de apoio dentro e, para que quando saírem, possam se adaptar à vida em sociedade novamente. A escola está me dando uma visão da realidade das polícias e mais certeza ainda que escolhi a área certa”, afirma.
“É muito importante para a formação de cada policial, saber como funciona a continuação do tratamento, após o processo da abordagem da prisão e o encaminhamento para a delegacia”, destaca a instrutora e coordenadora do curso, a soldado da PMPR, Letícia de Paula Knup.
Ela cita que cerca de 40% dos alunos não são do Paraná. É o caso da aluna Jeniffer Cassiane Soares, que veio de Santa Catarina. “Eu não imaginava que tinha toda aquela estrutura. É uma cidade lá, inclusive com empresas fazendo parcerias. Com a visita, vimos a importância do nosso trabalho, Polícia Civil e Polícia Penal, tudo integrado”, afirmou a aluna.