Um dos maiores sequestros da história do Paraná completa 30 anos 24/04/2025 - 19:00

Há 30 anos, no dia 24 de abril de 1995, o Paraná ficou marcado por um dos maiores sequestros já registrados no estado, ocorrido em Marechal Cândido Rondon. Foram mais de 120 horas de negociações, que mobilizou inúmeros policiais civis, militares e autoridades estaduais.

O investigador de polícia aposentado Ricardo Luiz Rodrigues Teixeira, que participou da operação, contou sobre como foram os processos de resgate às vítimas: “Não estávamos acostumados com esse tipo de violência. A Polícia Civil não tinha passado por uma situação como essa, em que três marginais fortemente armados estavam em poder de uma família. As negociações começaram e com a ajuda do médico, único a entrar na residência, foi feita uma maquete da casa em tamanho real foi montada com bambus e lonas, para simular a invasão”, disse.

Ricardo também destacou a importância da operação para as forças de segurança do Paraná. “Houve uma parte revolucionária, porque o Paraná mostrou pro resto do Brasil como a Polícia Civil e a Polícia Militar conseguiram que a operação fosse bem-sucedida”, completou.

O SEQUESTRO - Por volta das 16 horas do dia 24, três homens armados invadiram a casa do empresário Roni Martins, dono de uma casa de câmbio, fazendo ele, sua família, seu assessor e os empregados da residência de reféns. No dia seguinte, os criminosos exigiram um resgate de aproximadamente quinhentos mil dólares, colocaram as mulheres e crianças em um cômodo no interior da residência e liberaram o empresário e seu assessor para buscarem o valor exigido.

Ao chegarem na agência bancária, o empresário alertou um dos funcionários sobre o sequestro, que rapidamente acionou a polícia local. A partir disso iniciou-se uma operação liderada pelo Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre).

As investigações rapidamente revelaram a identidade dos sequestradores, os irmãos Beltramin, fugitivos da penitenciária de segurança máxima de Florianópolis, onde estavam presos por crimes violentos e assaltos a bancos. Eles ficaram cinco dias dentro da residência, exigindo carros fortes para serem retirados do local e levados ao aeroporto para ter salvaguarda.

Durante os dias de sequestro, um médico de confiança da família foi autorizado a entrar na casa para, além de cuidar da saúde dos reféns, colher informações estratégicas como número de cômodos e localização das vítimas.

Às 6h45 do quinto dia de sequestro, com autorização do secretário da Segurança Pública, Cândido Manoel de Oliveira, a operação aconteceu. Ambulâncias foram posicionadas nas proximidades, enquanto o carro-forte exigido pelos criminosos foi retirado da frente da residência. Na sequência, agentes do TIGRE iniciaram a incursão, utilizando bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para neutralizar a resistência no local.

Os três criminosos entraram em confronto com a polícia e morreram no local. Todos os reféns foram resgatados com vida. Uma das vítimas foi baleada, mas sem gravidade. A operação foi transmitida ao vivo pela imprensa para todo o país.

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