Oficiais da PM lançam livro com técnicas para Negociação em Crises 30/03/2021 - 09:20
Com a proposta de aliar doutrina com a prática para disseminar conhecimento aos profissionais de segurança pública, oficiais da Polícia Militar do Paraná escreveram um livro sobre Negociação em Crises, a origem e a evolução do tema ao longo das últimas décadas, pontuando casos mais relevantes no Paraná e os resultados obtidos pelas equipes policiais. A obra “NEGOCIAÇÃO EM CRISES POLICIAIS – TEORIA E PRÁTICA” é de autoria dos majores Marco Antônio da Silva, Luiz Fernando da Silva e do capitão Otávio Lúcio Roncaglio.
“Há quatro anos nos reunimos e resolvemos colocar no papel toda essa parte doutrinária e a nossa experiência, para que a gente pudesse consolidar a doutrina, e também para servir de referência para outras corporações, pois é um assunto muito técnico e específico. Nossa ideia é difundir, sistematizar esse conhecimento e atrelar com a prática”, disse major Marco.
O major Marco e o major Fernando, que são irmãos, já foram comandantes da Equipe de Negociação e juntamente com o capitão Roncaglio, atual comandante da subunidade, reuniram uma extensa gama de documentos e imagens da experiência que adquiriram ao longo de mais de uma década em atividades operacionais, além de cursos e especializações feitas no exterior. Os operadores são treinados para lidar com ocorrências de maior complexidade, como rebeliões em unidades prisionais, roubos frustrados, resgate de reféns, entre outras situações.
“Nós nos empenhamos muito ao longo desses anos, pois é um trabalho bem focado em ajudar outras pessoas que estão interessadas nessa área. A negociação tem como objetivo, por exemplo, encerrar ocorrências com refém, com presos rebelados, ou suicidas, entre outras, de forma pacífica, ou seja, a maioria delas termina no processo de negociação, sem nenhuma perda”, explicou o major Marco.
A riqueza de detalhes e a análise de casos servem de instrução para policiais militares aprenderem mais sobre o tema e terem mais efetividade ao se depararem com situações de crise. “A ideia da disseminação dessa doutrina é dar ferramentas para que os policiais tenham condições de prestar um atendimento mais profissional em negociação de crises e, assim, salvar vidas”, disse o major Fernando.
A obra aborda aspectos históricos da Negociação de Crises no Brasil e no mundo, técnicas de negociação, tipologia dos causadores de eventos críticos, comunicação com suicidas, presos rebelados e terroristas e até sobre os meios e recursos necessários para que uma Equipe de Negociação seja estabelecida numa polícia. “Nos casos práticos a gente demonstra que essas doutrinas e técnicas efetivamente funcionam na missão de salvar vidas e cumprir a lei”, complementou o major Fernando.
O capitão Roncaglio afirma que a obra abarca toda a experiência dos autores e foi organizada de forma que o leitor possa buscar informações de acordo com o interesse. “Atuamos nessa área de negociação e gerenciamento de crises há bastante tempo e percebemos que, em nosso País, existia uma pendência muito grande de literatura específica sobre o tema. Pensando nisso, e aliado ao longo tempo que militamos nessa área, resolvemos trazer nossa experiência prática para um livro. A ideia também é que, talvez num curto prazo, essa obra seja considerada um manual de negociação em crises a ser utilizado no país”, explicou.
O primeiro exemplar foi entregue ao Comandante-Geral da PM, coronel Hudson Leôncio Teixeira, o qual já foi comandante do BOPE e um dos maiores incentivadores para fortalecimento da subunidade. No momento da entrega do livro também participou o tenente-coronel Roberto Sampaio Araújo, o primeiro comandante da Equipe de Negociação e que trabalhou para elevar o assunto dentro da Corporação, e o Chefe do Estado-Maior da PM, coronel Gelson Marcelo Jahnke. O tenente-coronel Sampaio foi o autor do prefácio do livro em homenagem ao legado que deixou sobre o tema.
HISTÓRIA - A Equipe de Negociação foi criada no dia 20 de março de 2003 (com data reconhecida pela Portaria do Comando-Geral n.º 930, de 17 set. 2019), num momento em que se vislumbrou a necessidade de um atendimento técnico e profissional às ocorrências críticas que aconteciam em território paranaense. Nestes 18 anos de atividade bem-sucedida, o grupo atendeu mais de 200 crises e participou da preservação de inúmeras vidas, sempre com tecnicidade, dedicação e comprometimento.