Curso de Amigurumi promove saúde mental e capacitação no Complexo Médico Penal 15/05/2025 - 17:57

Cerca de 60 pessoas privadas de liberdade custodiadas no Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, iniciaram nesta semana um curso profissionalizante de Amigurumis — pequenos bonecos feitos à mão utilizando a técnica japonesa de crochê. A iniciativa foi oficialmente apresentada aos participantes nesta terça-feira (13), em um encontro que esclareceu dúvidas e detalhou os objetivos do projeto.
O curso é resultado de uma parceria entre o CMP e o Conselho da Comunidade de Curitiba, que submeteu a proposta a um edital da Vara de Execuções Penais (VEP) voltado a ações de promoção da saúde mental no sistema prisional. Todo o material necessário, bem como a capacitação e certificação dos participantes, é fornecido pelo Conselho. Os produtos confeccionados serão destinados a instituições filantrópicas.
De acordo com a assistente social do Conselho da Comunidade de Curitiba, Renata Wistuba Corrêa, o foco principal é oferecer uma atividade terapêutica que contribua para o bem-estar emocional dos apenados, além de abrir possibilidades de geração de renda no futuro. "A ideia é proporcionar uma atividade que cuide da saúde mental, que foi o tema central do edital, mas que também possa abrir portas para uma nova profissão e uma fonte de renda quando estiverem em liberdade", explicou Renata.
Participam da iniciativa 45 homens idosos e 15 mulheres. Além de ser uma ocupação criativa e terapêutica, o curso também possibilita a remição de pena tanto pela capacitação profissional quanto pelo trabalho desenvolvido durante as aulas, que irão acontecer de segunda a quinta-feira, em turmas alternadas de 15 alunos, com duração total de três meses.
O vice-diretor do CMP, Carivaldo Ventura do Nascimento, ressalta que a unidade possui uma população prisional com grande número de idosos, o que reforça a importância de iniciativas que mantenham essas pessoas ativas física e mentalmente.
"Trabalhamos com a proposta de ofertar atividades que estimulem não só o corpo, mas também a mente, promovendo qualidade de vida e mantendo os custodiados ativos e produtivos. Essa é uma diretriz da gestão do CMP", afirmou.
A terapeuta ocupacional do CMP, Lucineide Inácia Barbosa, destaca que, nesta primeira edição do curso, foram priorizadas pessoas com transtornos de humor, ansiedade, depressão, além de idosos com comprometimento cognitivo leve.
"O Amigurumi é mais do que um artesanato criativo. É uma ferramenta terapêutica potente, que trabalha a coordenação motora fina e grossa, estimula a visão e o movimento de forma integrada, melhora a destreza manual, a atenção, o raciocínio lógico e ajuda a manter a mente ativa, retardando o declínio cognitivo. Além disso, o ritmo do crochê tem efeito calmante, contribuindo para a regulação emocional e a redução de sintomas de ansiedade, estresse e depressão", explicou a terapeuta.