Polícia Penal promove o teatro com apenadas em Foz do Iguaçu 30/11/2023 - 18:20

A Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu – Unidade de Progressão (PFF-UP), em parceria com o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceebja) Helena Kolody e a Universidade da Integração Latino-Americana (Unila), promoveu a apresentação da peça teatral “Um caminho com duas escolhas” nesta quarta-feira (29). O espetáculo, que conta a história ficcional de um jovem e suas escolhas, é integralmente interpretado por pessoas privadas de liberdade (PPL) e foi escrito por uma custodiada que também atua na montagem e no elenco.

A iniciativa é fruto do desenvolvimento do Projeto Remição por Leitura, em especial do livro “Crime e Castigo”, do escritor e filósofo russo Fiódor Dostoiéviski. Além da leitura da obra, as 14 PPLs que participaram da atividade montaram a peça teatral. Foram quatro meses de preparação com três ensaios por semana. 

Segundo a Polícia Penal, o teatro, além de proporcionar um maior autoconhecimento, contribui para a melhora da autoestima, da integração social, da experimentação de novas vivências, e é uma ferramenta de  reflexão sobre as consequências das decisões e atitudes que as pessoas acabam tomando no decorrer de suas vidas. 

Na peça, o personagem tem que arcar com o peso de suas decisões e as consequências de uma vida irresponsável que, por fim, afeta a todos que o cercam, e muitas vezes de forma irreparável. O personagem busca a redenção de seus atos através da mudança de paradigma que a sentença condenatória impõe. A partir do cerceamento de sua liberdade e com novas oportunidades, um caminho de transformação se inicia.
A PPL autora do texto e do desenvolvimento dos personagens afirma que “a inspiração para a criação do espetáculo parte das vivências que ouvi de outras pessoas no ambiente prisional, e de toda a trajetória, ouvindo mulheres, mães e filhas, sendo uma obra de ficção com muita conexão com a realidade”.
PARCERIA - Toda a montagem da peça teve a supervisão de professores e pedagogos do Ceebja Helena Kolody e da equipe gestora da da PFF-UP Polícia Penal do Paraná. “É um divisor de águas no tratamento penal, pois foi capaz de incutir nas PPL’s uma nova visão de sociedade, construindo um caminho importante no processo de ressocialização. Todo o empenho, entrega dos professores e pedagogos valeu a pena”, afirma o diretor-geral do Ceebja Helena Kolody,  professor Djalma Machado da Cruz.
A diretora da PFF-UP, Caroline Queli Bondan, ressalta a importância do projeto para a ressocialização dessas mulheres. “Uma peça teatral como essa, escrita por uma PPL, foi uma grata surpresa. Foi muito impactante e acredito no quanto isso pode contribuir para o processo de ressocialização, pois mostra o potencial de cada uma das atuantes e da autora que, tão maravilhosamente, escreveu demonstrando todo seu talento. É uma peça que traz uma mensagem de esperança, e que pode ser fundamental na decisão por uma vida nova”.
    “O teatro é uma manifestação cultural e como tal tem seu valor no processo educacional. Foi neste caso utilizado como uma estratégia pedagógica, como uma ferramenta para o desenvolvimento de outras habilidades educacionais as quais são esperadas que um cidadão as possua. Como profissional posso afirmar que o resultado foi imensamente gratificante”, pondera a supervisora do projeto e pedagoga Josiane Kojo.

GALERIA DE IMAGENS