No Dia Nacional do Ciclista, PM relembra cuidados com veículos frágeis no trânsito 19/08/2021 - 18:30

É muito comum, ao se falar sobre o trânsito, que venham à mente imagens de carros, motos, ônibus, caminhões, automóveis em geral. De fato eles são responsáveis por uma grande parte do fluxo na ruas do Paraná, mas existe uma frágil personagem que está muito sujeita aos impactos da imprudência na direção: a bicicleta, que se destacou ainda mais como meio de transporte após o início da pandemia, esteve envolvida em cerca de 5% dos acidentes de trânsito em Curitiba de janeiro a junho deste ano. No Dia Nacional do Ciclista, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) da Polícia Militar reforça alguns deveres e cuidados dos motoristas e ciclistas.

 

Foi no séc. XIX, na Alemanha, para servir como uma alternativa barata aos cavalos, que começou a surgir a bicicleta em um formato próximo ao que conhecemos hoje, possuindo guidão, selim e pedais. Chegou em Curitiba trazida por imigrantes, que criaram na cidade o primeiro clube de ciclismo do Brasil: o Radfahrer Club de Curityba, em 1895. Mesmo com a bike já existindo em outras cidades do País, o clube ajudou a difundi-la como meio de transporte. Nos últimos dois séculos essa tendência seguiu crescendo e foi reforçada com a chegada da pandemia.

 

Comparando os anos de 2019 e 2020, a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) registrou aumento em torno de 50% nas vendas do item em todo o Brasil. Além de representar uma alternativa econômica, que dispensa os gastos com combustível ou passagens, a saúde de quem pedala também recebe benefícios, seja por evitar o contágio do coronavírus ou pela própria prática de exercícios. No entanto, alguns cuidados não podem ser deixados de lado ao se falar sobre a presença desse entre outros meios de transporte com estruturas muito maiores.

 

ACIDENTES - No último semestre, dos 2.267 acidentes registrados pelo Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) da Polícia Militar em Curitiba, 126 envolveram pessoas pilotando bicicletas, o que representa 5,56% do total. Ao se comparar com os seis primeiros meses de 2020, houve redução de 5,97% na quantidade de acidentes envolvendo ciclistas, que haviam sido 134 naquele período. Houve um óbito de ciclista no primeiro semestre de 2021, contra nenhum no período analisado em 2020. A maior preocupação, no entanto, é com as consequências, pois a alta exposição das vítimas faz com que os feridos sejam mais de 80% nessas ocorrências, de acordo com o BPTran.

 

CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - Para que esses índices diminuam e exista uma convivência mais harmoniosa entre todos os meios de transporte que circulam pelas ruas do Paraná, é necessária a atenção de todas as partes envolvidas. Veículos automotores precisam respeitar sempre a hierarquia decrescente prevista no Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 29, parágrafo 2º: “[...] em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.”

 

Entre as orientações, o comandante do BPTran, tenente-coronel Mário Henrique do Carmo, ressalta que as canaletas de ônibus biarticulados são espaços de risco e não devem ser utilizados: “Não podemos esquecer que pela canaleta transitam veículos de grande porte e, numa situação em que eles precisem fazer uma frenagem de emergência, logicamente, a distância percorrida até que o veículo pare é muito maior, em razão do peso. Então, a gente faz aquele apelo para que os ciclistas não andem nas canaletas.”

 

A circulação de bikes deve ocorrer, preferencialmente, em ciclovias, ciclofaixas ou acostamento. Nas condições em que isso não é possível, porém, elas dividem espaço com os veículos automotores.“Ele [o ciclista] pode compartilhar as vias destinadas aos veículos, utilizando sempre o mesmo sentido de direção que os veículos, nunca na contra-mão de direção, e sempre junto ao meio fio, porque, pela Lei, o motorista é obrigado a manter a distância de 1,5 m da lateral dos ciclistas”, enfatiza o comandante do BPTran. Cabe lembrar ainda que não é permitido aos ciclistas ocupar espaços destinados a pedestres, salvo onde a sinalização indique essa possibilidade.

 

O uso de capacete, proteções e refletores é altamente recomendado, apesar da não obrigatoriedade, podendo salvar vidas. O tenente-coronel Carmo orienta que "durante a noite, os ciclistas devem utilizar luzes e vestimentas de cor clara. O capacete é essencial numa queda, para que a pessoa se proteja e, principalmente, sempre é importante sair com um calçado adequado, fechado, de preferência com calça comprida, que protege até de escoriações.”

 

DIA NACIONAL DO CICLISTA - O dia 19 de agosto é celebrado como Dia Nacional do Ciclista, em memória do biólogo Pedro Davison, que morreu após ser atropelado pedalando em Brasília, neste mesmo dia de 2006. O motorista do carro que causou a fatalidade estava alcoolizado e, ao longo das investigações, a situação que era considerada um acidente passou a ser tratada como crime, levando à condenação do réu por homicídio doloso. Esse também foi um dos casos que contribuiu para que fosse debatida a criação da Lei Seca. Em 2017, a data do acidente tornou-se parte do calendário nacional, pela Lei 13508/17, para comemorar-se o Dia Nacional do Ciclista.

 

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