Livro de poesias criadas em unidades penais é publicado em projeto de extensão da Unila, em parceria com a Polícia Penal 26/03/2024 - 16:26

A Universidade da Integração Latino-Americana (Unila), em parceira com a Polícia Penal do Paraná (PPPR), desenvolve desde 2015 o projeto de extensão “Direito à Poesia - experiências latino-americanas de mediação de leitura com pessoas em privação de liberdade”, que consiste na realização de oficinas, envolvendo escrita e leitura, na formação de mediadores com pessoas em privação de liberdade nos estabelecimentos geridos pela PPPR, em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado.

O projeto, baseado no modelo de rodas de conversas, convida aos participantes o compartilhamento de leituras e escritas, gerando experiências transformadoras através da literatura, abrindo novas perspectivas à liberdade do indivíduo, já que essa forma de expressão cultural, tem o poder de ressignificar realidades, abrindo portas para novos mundos e novas realidades.

O Projeto - Iniciado há 9 anos, ainda sob a alcunha de “roda de leitura”, o projeto culminou com a edição do livro “Antologia 2022 – Direito à Poesia”, disponível nos formatos de e-book e livro físico, tendo seu lançamento ocorrido na manhã desta terça-feira (26). O evento ocorreu no Anfiteatro da Unila e contou com a presença da Reitoria da Instituição; da titular da Vara de Execuções Penais (VEP) de Foz do Iguaçu; do Pró-reitor de Projetos de Extensão da Unila; da Diretora da Divisão de Educação da Polícia Penal; da Coordenação Regional de Foz do Iguaçu; da Diretora da Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu e do Diretor do CEEBJA Helena Kolody.

O projeto serve, também, como forma de incentivar a representatividade das autoras dos textos, havendo a autorização judicial para que quatro pessoas privadas de liberdade (PPL), alojadas na Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu – Unidade de Progressão (PFF-UP), participassem do evento, lendo seus textos para o público presente no Anfiteatro da Unila.

Tido como vanguarda no tratamento penal, o projeto vem sendo um modelo a ser adotado e ampliado para todo o país, um exemplo da união entre a Academia e a Segurança Pública, conforme frisa a Reitora da Unila, a Doutora Diana Araújo Pereira: “É um privilégio ser reitora no momento em que o projeto se transforma em uma parceria entre a Universidade e a Polícia Penal. A universidade, através da arte e das letras, pode criar uma relação entre aquilo que está separado. A Universidade pode se aproximar do sistema prisional, tendo muito a contribuir com pesquisa, ensino e extensão.

O livro - O pequeno calhamaço impresso em papel, possui uma arte de capa invejável e sensível ao tema proposto. Folheando as páginas, nos deparamos com arte escrita, impressões de rascunhos a próprio punho, desenhos e fotos da paisagem, da vivência do ambiente onde a obra foi escrita. Poemas longos e curtos, haicais, três versos que podem dizer muito, tanto para quem lê, e principalmente para quem escreve: “Pequeno passarinho tanto a explorar. E resolve pousar e repousar. Sobre grades vive a cantar”. Este haicai escrito por uma pessoa privada de liberdade é apenas um exemplo dos textos selecionados.

Para esta edição foram separados 30 autores e autoras, mas pelo projeto, centenas de pessoas já passaram. Só na PFF-UP são, aproximadamente, quinze pessoas por mês. 

Busca constante por inovação e parcerias - A Polícia Penal do Paraná (PPPR) coordena, participa e apoia projetos em que membros da sociedade civil sejam parceiros, sendo uma forma de fomentar políticas públicas de reinserção social que sejam efetivas e baseadas não apenas no empirismo da prática diária, mas que passem pelo crivo das experimentações científicas, como afirma o diretor em exercício da regional administrativa da PPPR em Foz do Iguaçu, Marcos Guerra: “A Polícia Penal sempre tentará viabilizar ações de tratamento penal. Nossa instituição agradece aos professores e aos idealizadores do projeto de extensão da universidade e está de portas abertas para iniciativas como esta”, diz.

Durante o período de pandemia do Covid-19, houve grande mobilização por parte das instituições envolvidas para que o projeto não perdesse forças. Todo o trabalho de ressocialização que envolve a educação e multidisciplinaridade só é possível quando há um compromisso firmado entre as partes. 

“Gostaria de aproveitar o momento e de refletir sobre algumas questões: somente a educação pode transformar todos os lugares e todas as pessoas. Somente pela educação o país alcançará sua potencialidade. Parabenizo a todos que participaram do projeto, em especial aos professores, que são tão importantes para a sociedade”, finaliza a juíza de execução penal, Juliana Arantes Zanin Vieira.

 

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