Estado avança em plano contra as drogas e premia iniciativas de conscientização dos jovens 02/06/2022 - 18:05

“É a realização de um sonho de todos que trabalham nesta área”, discursou o coordenador do Núcleo Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas (NEPSD), delegado Renato Bastos Figueiroa, sobre a realização da I Conferência Estadual de Políticas Sobre Drogas no Paraná. O evento aconteceu quarta-feira e quinta-feira (01 e 02) e debateu a criação do Plano Estadual de Políticas sobre Drogas.

O encontro ocorreu no Centro de Eventos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e foi organizado pela Secretaria da Segurança Pública do Estado, por meio do NEPSD. A Conferência ainda marcou a abertura da Campanha Junho Paraná Sem Drogas e foi palco da divulgação e premiação aos primeiros colocados do Concurso Estadual de Produção de Material Audiovisual Sobre Drogas.

“O  plano está em construção desde 2019 e é o maior compromisso que um Governo pode fazer pela população, porque colocará no papel suas obrigações relacionadas ao tema. Nesta conferência, daremos vozes à sociedade civil, para que ela possa contribuir com o projeto e, depois de pronto, ele será encaminhado à sanção do governador”, destacou o delegado Figueiroa, que representou o secretário da Segurança Pública, Wagner Mesquita.

Com o tema “Plano Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas: desafios e perspectivas”, o documento consiste no estabelecimento de metas objetivas a serem atingidas pelo Governo Estadual e propositivas à toda a população. Para tanto, além da sociedade civil organizada, uma série de órgãos públicos, ligados à educação, saúde, segurança, justiça, cultura, esporte, educação e assistência social, participam do projeto.

O Plano será composto por objetivos, ações, indicadores, parceiros e prazos.  Segundo o coordenador do NEPSD, o documento já tramitou em todas as secretarias estaduais envolvidas. “Nosso objetivo é criar um novo paradigma para as políticas públicas estaduais sobre drogas, que atenda a todos, de forma indiscriminada, mas, é claro, com um olhar específico aos grupos mais vulneráveis. Para isso, adotamos como eixo fundamental a consolidação dos direitos do cidadão”, contou Figueiroa. 

Dentre os objetivos do documento, estão a indicação de prioridades de atuação do Poder Público na consecução do tema; o fortalecimento da relação entre Governo e sociedade civil, a fim de haver maior efetividade na formulação, execução e controle no assunto, além da promoção, qualificação e garantia da participação da sociedade na formulação e no controle de tais políticas.

“Somos todos protagonistas da política pública sobre drogas”, declarou o presidente do Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas, Luis Carlos Hauer, mais conhecido como Pit. “Certa vez, uma pessoa me falou que apenas poderemos construir algo se debatermos, discutirmos e aceitarmos outras ideias. E, somente assim, poderemos criar uma base sólida, que sustente todo o projeto social. Seu nome, Frei Chico. E é para isso que estamos aqui, para construir uma política social sobre drogas, que seja mais digna, humana, com equidade e justa”, destacou.

INTERDISCIPLINARIDADE - Além disso, para a subprocuradora geral de Justiça, Samia Saad Galloti Bonavides, é necessário haver muito mais políticas preventivas, principalmente às parcelas mais vulneráveis da sociedade. “Esta é uma problemática interseccional, transversal e complexa, que passa por questões como pobreza e vulnerabilidade social. As famílias envolvidas precisam de suporte psicológico, médico e ainda em outros aspectos, desde os básicos, como saúde e saúde pública, moradia e educação, até em questões de gênero e à presença da mulher na sociedade, bem como da violência doméstica”, discursou.

Por isso, inclusive, a participação de representantes de diversas áreas da sociedade é, segundo juíza auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), Fabiane Pieruccini, que participou do evento em representação ao presidente do TJPR, desembargador José Laurindo de Souza Netto, essencial para criar uma política madura e que busque uma política de redução de danos. 

“Precisamos de uma política que cuide das pessoas, de todas as que estão envolvidas nessa dinâmica da drogadição, que não é só o usuário, mas a comunidade ao seu redor. Este é o caminho certeiro para termos acesso a este tema que é tão caro”, afirmou. “Enquanto estivermos com um foco na justiça, desconectados do ser humano, da polícia ou mesmo da saúde, não haverá evolução”, completou.

CONCURSO DE VÍDEOS - Após as falas de abertura, professores, diretores e 10 alunos de dois colégios, um público e um privado, foram premiados com as primeiras colocações no Concurso Estadual de Produção de Material Audiovisual Sobre Drogas. O certame atende a Lei Estadual nº. 19.068, de 05 de Julho de 2017, que impõe às empresas exibidoras de cinema a divulgação de informes publicitários de esclarecimentos sobre os malefícios do consumo de drogas ilícitas e os efeitos negativos do abuso das drogas lícitas para toda a sociedade.

"Uma vez que uma grande parcela do público dos cinemas são crianças, adolescentes e jovens, nada melhor para chamar a atenção do que eles mesmos falarem sobre prevenção e combate às drogas”, explicou o delegado Renato Figueiroa. Com isso, durante todo o mês de junho, todas as sessões nas salas de cinema do Paraná exibirão o vídeo dos dois colégios.  e o do Colégio Sesi - Campus Afonso Pena, de São José dos Pinhais.

PREMIADOS - Em parceria com a Receita Federal, os adolescentes foram presenteados com videogames, tablets e outros presentes. Na categoria “instituição de ensino público”, venceram os alunos Alexandre Aurélio Barbosa; Mainara Cristina Schroeder; Nicolly Emanuely Veiga dos Santos; Russel Aslan e Vitor Henrique Schastalo, estudantes do Colégio Estadual Senador Correia, de Ponta Grossa. 

“Foi muito bom trabalhar, porque descobrimos muita coisa que não sabíamos. Recebemos um conhecimento muito grande e fizemos até entrevistas, para entender como é a vida de uma pessoa dependente de drogas. No curta, mostramos que a droga causa um colapso na vida da pessoa, é um alerta”, contou Mainara, hoje aluna do terceiro ano do ensino médico. 

Os alunos foram orientados pela professora de história, Paola Clarinda Oniesko Bail. “Eu fiz um planejamento com uma série de oficinas, com dados sobre o uso de drogas e pesquisas. Durante a produção, eles mesmos contavam locais e situações nas quais já tinham oferecido drogas para eles, coisas que, como professores, acabamos alheios”, contou. 

Já na categoria “instituição de ensino privado”, foram premiados os alunos João Aiub Ribeiro; Matheus Eduardo Ribas; Natalia Soltovski; Nicolly Peixoto Pietrovski e Yago Barreto da Costa. “Montamos um grupo com estudantes dos três anos do ensino médio e foi muito interessante entender a visão de cada um em relação às drogas, porque, apesar de ser um ou dois anos de diferença, acaba sendo bastante na nossa idade”, contou João Ribeiro, que estava no terceiro ano na época da produção do vídeo e hoje cursa Engenharia de Software.

“Desenvolvemos este trabalho desde a primeira edição do concurso, em 2017, e já vencemos quatro deles. São meses de trabalho, começamos assim que o edital é lançado, mas, antes mesmo disso, os alunos já começam a questionar. Eles gostam muito, tem um protagonismo muito forte, criatividade, habilidade para lidar com tecnologia. Nós vamos orientando, mediando, mas o processo criativo é todo deles”, contou o professor orientador Paulo Roberto Ribeiro Hanesch. 

“Com a parceria da Secretaria da Educação, nosso objetivo é sempre fazer com que os alunos participem, conversem sobre esta problemática em sala de aula e levem o tema para dentro de suas casas. Agradeço aqui o empenho de todos, porque a cada ano, os materiais audiovisuais estão ficando melhores, os alunos estão se aperfeiçoando e o apelo da participação dos adolescentes só aumenta”, destacou o coordenador do NEPSD.

PRESENÇAS - Além dos já citados, compuseram a mesa diretiva na abertura do evento, o secretário estadual da Saúde, César Augusto Neves Luiz; o secretário estadual da Justiça, Família e Trabalho, Rogério Carboni; o procurador da Fazenda Nacional, Luiz Roberto Beggiora; a Defensora Pública Andreza Lima de Menezes; o diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, perito Luiz Rodrigo Grochoki; o comandante do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), major Ricardo da Costa, representando o Comando da Polícia Militar do Estado; e o secretário Municipal de Defesa Social e Trânsito, coronel Péricles de Matos.

 

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