Ceebja Novos Horizontes inaugura espaço próprio na Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão 06/10/2023 - 17:33

O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja) Novos Horizontes inaugurou, na tarde desta quinta-feira (05), um novo espaço físico próprio nas dependências da Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão (PEFB), no sudoeste do Estado. A instituição está em atividade na unidade prisional desde 2012. Antes do Ceebja, a unidade contava com uma Ação Pedagógica Descentralizada (APED), no período entre 2008 e 2012.

Esta nova edificação, construída em anexo à PEFB, conta com mais espaço e comodidade para os professores e servidores desenvolverem suas tarefas, propiciando mais qualidade de ensino às pessoas privadas de liberdade (PPL). Além da nova edificação, a PEFB recebeu diversos equipamentos adquiridos pelo Conselho da Comunidade e que serão utilizados pelos detentos em ações laborais.

O coordenador da regional administrativa da PPPR em Francisco Beltrão, Antônio Marcos Andrade, conta que o objetivo é continuar buscando resultados positivos através da educação e do trabalho dentro das penitenciárias e cadeias públicas. “A partir do momento em que se começa a trabalhar estas questões nas cadeias, diminui-se os impactos negativos. Nossa busca por parcerias e incentivos é constante, para darmos melhores condições aos professores de transmitirem conhecimento aos custodiados dentro das normas de segurança de nossos estabelecimentos prisionais. Nosso intuito é manter os custodiados cumprindo sua pena, tendo acesso à educação, cultura e trabalho”, explica.

Um dos pilares para a ressocialização é a educação, que auxilia diretamente no crescimento pessoal do apenado. Através do estudo, o indivíduo consegue a remição de pena e pode angariar consideráveis melhorias em sua vida após a reinserção na sociedade, como explica a juíza da Vara de Execuções Penais de Francisco Beltrão, Divangela Precoma Moreira Kuligowski: “A educação é primordial para desenvolver o ser humano. O que a gente vê na maioria dos nossos reeducandos é que eles não tiveram essa oportunidade enquanto crianças e jovens, devido a diversos fatores. É fundamental fornecer isso a eles enquanto estão cumprindo a pena, não só pela remição, mas pelo conteúdo educacional adquirido e que contribui diretamente para a melhora do ser humano, podendo este voltar para a sociedade muito melhor do que quando entrou no sistema prisional”.

Para o diretor da PEFB, Márcio Roberto Iansen, a ampliação do espaço destinado ao Ceebja é mais do que necessário mediante ao volume de custodiados. “É uma satisfação estarmos inaugurando este novo espaço. Eles estavam há cerca de 11 anos em um espaço que não os comportava mais. São cerca de 300 PPLs envolvidos com atividades de estudo, então o ambiente para atuação do Ceebja ficou pequeno. Conseguimos ampliar este ambiente para dar melhores condições de trabalho aos profissionais e de estudo aos apenados. As salas de aula foram reformadas e revitalizadas”, destaca.

Além das pessoas privadas de liberdade, quem também se beneficiará com o novo ambiente é a equipe pedagógica que atua na unidade. “Para nós foi uma grande conquista. Trabalhamos aqui em espaços improvisados e agora ganhamos um espaço maior, com melhor comodidade, para fazer um trabalho ainda melhor”, conta a pedagoga Maria Dolores Selke.

“Nós enquanto educadores acreditamos na transformação do ser humano. A educação humaniza e transforma, é um dos caminhos mais importantes para dar uma nova oportunidade aos apenados lá fora”, destaca a pedagoga Neide Scandolara.

Ferramentas adquiridas – O Conselho da Comunidade investiu mais de R$ 35 mil na compra de ferramentas que serão utilizadas pelos custodiados em atividades laborais na Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão. Foram comprados equipamentos como furadeiras, talhadeiras, lavadoras a jato, entre outros.

A promotora de Justiça do Ministério Público (MP), Maria Fernanda Salvadori Belentani, explica que a entrega destes equipamentos reflete o foco na execução penal e na capacitação para o trabalho, que é um dos principais instrumentos para a reinserção do apenado à sociedade. “O Ministério Público tem função dupla na execução penal. Ele atua em favor da sociedade, buscando que as penas sejam efetivamente executadas para que tenhamos a repressão à prática do crime e a resposta que a sociedade espera quando ela é lesada naqueles direitos que foram eleitos como importantes para ela. Por outro lado é também função do MP garantir que a execução penal aconteça de forma digna, de forma que possibilidade a este sentenciado, se ele quiser e tiver essa vontade, que ao retornar à sociedade tenha condição de buscar sua reinserção social de forma efetiva”.

Auriculoterapia - Uma das ferramentas que tem sido implantadas na PEFB e também no Escritório Social de Francisco Beltrão é a auriculoterapia, uma medicina alternativa baseada na ideia de que o pavilhão auditivo da orelha é um microssistema em que todo o corpo é representando por um mapa. Embora sejam utilizadas agulhas, o procedimento não causa desconforto mas sim alívio a dores do corpo e da alma, sem efeitos colaterais nem dependência química. Os primeiros a receberem este tratamento são os próprios policiais penais que atuam na PEFB e servidores do complexo do Escritório Social. Os trabalhos com a equipe começaram nesta quinta-feira (05) e devem durar por dois meses.

A professora Franciele Folador conta que espera um resultado positivo com este tratamento, tanto aos servidores quanto aos apenados. “Trata-se de uma das terapias alternativas reconhecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e suas vantagens principais são as diminuições dos níveis de stress e de ansiedade. Este grupo possui uma função de trabalho que pode causar este tipo de sintomas. Futuramente aplicaremos esta atividade aos detentos e também realizaremos palestras com temas relacionados à saúde”, explica.

Presenças - Participaram da cerimônia o coordenador regional Marcos Andrade; o diretor da PEFB, Márcio Roberto Iansen; a diretora do Ceebja, Nair Salmoria; a juíza da Vara de Execuções Penais de Francisco Beltrão, Divangela Precoma Moreira Kuligowski; a promotora de Justiça do Ministério Público, Maria Fernanda Salvadori Belentani; o membro da Comissão Criminal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subseção de Francisco Beltrão, Lucas Catafesta; o membro do Conselho Deliberativo do Conseg, Pedro Dariva de Lima, que esteve representando a presidente Kelly Borghesan; a psicóloga do Conselho da Comunidade, Valéria Botton, que esteve representando o presidente Wilson Lopes e a chefe do Núcleo Regional de Educação, Maria de Lourdes Bertani, além de servidores do Ceebja e da PEFB.

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